Caros Goliardos!!!
Esperei anciosamente que alguém exprimisse a famigerada noite da latada, sem sucesso. Pelos vistos os dias de ressaca ainda não permitiram um texto devidamente pensado que explicite com exactidão as experiências vividas na sempre saudosa cidade de Coimbra.
Bem mas não foi para falar de ramboia que decidi postar novamente, mas para demonstrar a minha revolta por uma situação que me ocorreu e que transparece o estado que está o ensino em Porugal.
Há cerca de duas semanas ligaram-me da minha antiga escola de Fragoso concelho de Barcelos a dizer que eu teria de lá voltar para uma reunião extraordinária. Fiquei preplexo, mais não seja porque actualmente estou a cerca de 400km de distância. Bem passemos agora ao que interessa as razões dessa reunião maravilha. Durante a época normal, ou seja logo após a entrega das notas de final de ano lectivo o encarregado de educação de um aluno com 5 negativas intrepôs recurso à avaliação, alegando que os professores durante o processo avaliativo não tiveram em conta os seus problemas auditivos, diga-se nunca justificados ou indicados através de uma declaração médica.
Este recurso foi devidamente contrariado em acta, sendo os nossos argumentos aceites em pedagógico. O Pedagógico corresponde ao orgão máximo da escola.
Fui para férias descansado sabendo que não haveria qualquer hipótese de voltar a interpôr recurso desta vez para o orgão superior a Direcção Regional de Educação do Norte(DREN), pois não teria argumentos para tal.
Qual não é o meu espanto, quando em meados de Outubro, já o ano lectivo ía com 3 semanas de aulas , soube que o pai tinha recorrido à DREN, sendo-lhe dada razão.
Vou passar a descreve a carta descrita por uma pessoa que não tem contacto com o meu educativo, nem sabe como funciona a realidade escolar:
Tendo em conta os principios que enformam a legislação sobre a avaliação das apredizagens-evolução do aluno, aquisição de competências numa lógica de ciclo e retenção com último dos recursos(...) o Conselho de Turma, com a concordância do pedagógico não assegura a aplicação dos mesmos justicando a retenção do aluno exclusivamente pela postura desadequada do aluno face às actividades: falta de interesse, falta de estudo, falta de empenho, pouco investimento no estudo, comportamento desajustado.
(...)atendendo à lógica de ciclo,(...) não justifica que as dificuldades do aluno, no 7º ano, comprometam significativamente a aquisição de competências de final do 3º ciclo do ensino básico.
Com estas palavras apreende-se que se a falta de estudo,empenho, pouco empenho, postura desadequada face às actividades escolares não são suficientes para a reprovação. Associado a este facto depreende-se que as competências não adquiridas no 7º ano podem ser adquiridas nos anos subsequentes, valia mais não se chumbar ninguém até ao final do 9º ano. Bem se calhar caminha -se nesse sentido.
Continuando a transcrever a carta, prometo não vos massar muito mais:
A repetição não é um meio pedagógico adequado, porque os alunos vão encontrar dificuldades acrescidas quando a sujeitos a um mesmo programa, numa turma em que têm que fazer novos esforços de integração e para onde transportam o estigma do "chumbo"(...) A ideia muitas vezes ouvida que a "repetição não faz mal" não tem qualquer fundamento sobretudo numa escolaridade básica. A transição de ano sem que os alunos adquiram as competências necessárias e sem que se encontrem os meios de superação de dificuldade não é de modo algum solução, mas a repetição, atirando a responsabilidade da não aprendizagem para o aluno e sua familia, também não é.(...)
Bem acho que esta passagem diz tudo, coitadinho do menino que vai ter de se adaptar a uma nova turma e transportar o estigma do chumbo...
Toda esta situação ridícula, coloca em causa o trabalho dos professores, da escola, do sistema educativo etc. Quem se fica a rir com tudo isto são os alunos, que se apercebem do facilitismo que de uma forma cada vez mais evidente é demonstrado pelas mais altas instâncias do ensino em Portugal.
Desculpem abordar um assunto que feliz ou infelizmente não interessa à maior parte dos goliardos, no entanto não quis deixar de transparecer uma situação que me revoltou e que considero urgente alterá-la rapidamente. Pois os alunos podem ganhar agora, mas futuramente quem perde é o país que cada vez mais forma pessoas que não se apercebem o que custa a vida, pois tanto em casa como na escola são-lhes concedidas todas as facilidades.
É contra esta corrente que temos de lutar, não só nós professores como todos os cidadãos, pois só dessa forma o país pode crescer e evoluir.
Fica aqui um testemunho, espero que vos faça pensar e reflectir um pouco.
Aquele Abraço
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1 comentário:
Apesar de nunca ter dado aulas a ideia que tenho é que desde que este governo liderado pelo Sócrates tomou posse o facilitismo escolar está levado ao extremo, urge acabar com esta situação.
A educação está a levar um caminho que só nos pode levar a algo desastroso no futuro.
A política da educação deste governo voltada para os números e estatísticas que agradam a UE tem que ser travada.
O ensino tem que ser rigoroso, sério, credível e deve valorizar de facto quem trabalha para atingir os seus objectivos.
Não se pode chegar ao cumulo, como aconteceu este ano, de ver alunos queixarem-se que os exames foram demasiado fáceis pois assim a diferenciação na entrada da Universidade nunca seria feita. Quem trabalha um ano inteiro para ter uma média boa vê o seu trabalho posto em causa por muitos que tiram notas bem acima da sua média em exames fáceis.
A educação é o ponto mais negro deste governo!
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